O gênero feminino ganhou diferentes vozes nesta coletânea e isto porque os autores envolvidos no projeto apresentaram mulheres de etnias e vidas diversas. Os capítulos ora mostram mulheres abastadas e letradas; ora miseráveis e cativas. Entre esses dois extremos, uma infinidade de arranjos sociais se configura nas escolhas femininas ou ainda, na maioria das vezes, na quase impossibilidade de escolher caminhos díspares. Todas as muitas histórias de vidas narradas nessa coletânea demonstram a ligação entre o cotidiano e o contexto histórico em que viviam essas mulheres e o tempo é aliado e verdugo de suas vidas e de suas construções identitárias, ainda que muitas vezes, elas mesmas não tenham se dado conta disso. O que dá unidade à coletânea, além da temática, é o espaço geográfico vivido pelas protagonistas das muitas histórias contadas: o Norte e o Nordeste do Brasil, áreas quase sempre, deixadas à margem pela historiografia de gênero no Brasil. Mas, o que é ser mulher? Esta é uma resposta que, com certeza, o leitor não encontrará de forma única e acabada na leitura deste livro. Os capítulos mostram exatamente a ideia de que não existe uma única definição, nem muito menos, um modelo que deva ser seguido. Cada mulher envolvida nas muitas histórias de vidas narradas aprendeu um caminho e isto a tornou singular e, contraditoriamente, exemplar de tantas outras.